A pesquisa científica continua a abrir novos caminhos no combate a uma das maiores preocupações dentro dos ambientes de saúde – as infecções hospitalares.
Em um estudo publicado na revista Microbiology Spectrum, pesquisadores do Centro de Pesquisa em Biologia de Bactérias e Bacteriófagos (Cepid B3), sediado na USP, avançaram no estudo da fagoterapia – técnica que utiliza vírus específicos para tratar infecções causadas por bactérias.
Neste artigo iremos trazer um pouco da pesquisa, entendendo seus impactos e benefícios para o cenário.
Infecção Hospitalar: Avanços recentes na pesquisa
A infecção hospitalar tem sido a causa de muitas mortes dentro dos hospitais. A Associação Médica Brasileira estima que mais de 45 mil brasileiros morrem anualmente devido a infecções hospitalares.
Entre as várias infecções associadas aos cuidados médicos, as infecções de sítio cirúrgico são especialmente problemáticas. Elas são uma causa relevante no retorno emergencial dos pacientes ao ambiente hospitalar e na mortalidade após cirurgias.
Além disso, um estudo de 2013 revelou que essas infecções representam a maior parcela dos custos anuais relacionados a infecções hospitalares, correspondendo a mais de 33% dos US$ 9,8 bilhões gastos anualmente.
Para aumentar a atenção sobre o cenário, a Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um alerta para o aparecimento de altos níveis de resistência em bactérias que causam infecção generalizada e para o aumento da resistência a tratamentos de várias bactérias que causam infecções.
Tendo os medicamentos usuais uma baixa – ou nenhuma – eficiência nesses casos, existe alternativa? É isso que as novas pesquisas vêm apontando com o uso de vírus específicos para o combate a infecções hospitalares, com destaque para estudos recentes sobre vírus bacteriófagos, que têm o potencial de tratar bactérias resistentes.
Esses vírus, que infectam e destroem bactérias específicas, estão mostrando resultados promissores em vários estudos conduzidos pelo Centro de Pesquisa em Biologia de Bactérias e Bacteriófagos (Cepid B3) na Universidade de São Paulo (USP).
Os bacteriófagos são uma alternativa terapêutica eficaz, especialmente contra a bactéria Pseudomonas aeruginosa, conhecida por causar infecções hospitalares graves. A fagoterapia, que utiliza esses vírus, oferece uma solução inovadora para combater infecções bacterianas resistentes a antibióticos tradicionais.
Fagoterapia: Uma Alternativa Promissora aos Antibióticos
A fagoterapia foi proposta, pela primeira vez, em 1917, por Felix d’Herelle e consiste na utilização de vírus chamados bacteriófagos, que infectam bactérias, no tratamento de infecções.
A olhos nus, talvez fique a pergunta: com a existência de antibióticos, por que recorrer ao uso de vírus?
Na verdade, um dos motivos para a escolha dessa técnica se dá, pois diferente dos antibióticos – que não só eliminam micro-organismos nocivos, mas também afetam negativamente a microbiota – os fagos são específicos para determinadas cepas ou espécies, diminuindo assim, esses efeitos colaterais.
Na década de 1940, algumas empresas farmacêuticas dos Estados Unidos desenvolveram medicamentos usando essa tecnologia para tratar várias infecções. No entanto, no Ocidente, a descoberta foi abandonada após a descoberta da penicilina.
Estudos Recentes
Um estudo publicado na revista Microbiology Spectrum explorou a interação entre dois tipos de bacteriófagos (ZC01 e ZC03) e a Pseudomonas aeruginosa. Nos testes feitos, os resultados mostraram que ambos os fagos aumentaram significativamente a sobrevivência dos animais infectados, demonstrando sua eficácia potencial como tratamento terapêutico.
Mecanismos de Ação
Os bacteriófagos mostraram estabilidade em condições que variam de temperatura, acidez e exposição à luz ultravioleta. Além disso, a pesquisa revelou uma proteína especial que degrada a parede celular bacteriana, permitindo que os vírus infectem as bactérias de maneira mais eficiente.
O uso combinado de fagos com antibióticos ou outros fagos pode resultar em terapias mais eficazes, especialmente para infecções crônicas ou resistentes. A pesquisadora Layla Farage destaca que os próximos passos incluem ensaios laboratoriais e in vivo com coqueteis de diferentes fagos e antibióticos, visando a desenvolver combinações terapêuticas mais promissoras.
Qual é a relevância da fagoterapia na luta contra infecções resistentes?
A fagoterapia está se destacando como uma solução promissora na luta contra infecções bacterianas resistentes a antibióticos. Aqui estão alguns pontos que ressaltam sua importância:
Especificidade
Os bacteriófagos (fagos) são extremamente específicos e atacam apenas as bactérias-alvo, preservando a microbiota benéfica. Isso minimiza os efeitos colaterais comuns aos antibióticos tradicionais que afetam uma ampla gama de bactérias, incluindo as benéficas.
Evolução e Adaptação
Os fagos possuem a capacidade de evoluir juntamente com as bactérias, adaptando-se às estratégias de resistência desenvolvidas por elas. Esse dinamismo torna a fagoterapia uma abordagem flexível e eficaz, especialmente em cenários onde as bactérias desenvolvem resistência rápida.
Eficácia Contra Biofilmes
Os biofilmes são camadas de bactérias que se aderem a superfícies e são notoriamente difíceis de tratar com antibióticos. Os fagos, no entanto, podem penetrar esses biofilmes e eliminar as bactérias de maneira mais eficaz.
Uso Combinado
A combinação de fagos com antibióticos ou outros fagos pode resultar em terapias sinérgicas, aumentando a eficácia do tratamento. Isso é particularmente relevante para infecções crônicas ou multirresistentes.
Segurança
Devido à sua especificidade, os fagos apresentam um perfil de segurança elevado, com menos riscos de efeitos colaterais graves. Isso os torna uma opção terapêutica atraente para pacientes debilitados ou com infecções recorrentes.
Impacto na Saúde Pública
A fagoterapia oferece uma alternativa viável e inovadora para tratar infecções hospitalares e comunitárias, contribuindo significativamente para a saúde pública ao reduzir a dependência de antibióticos e ajudar a mitigar a resistência antimicrobiana.
Esses pontos demonstram que, ainda que existam desafios a serem superados antes de adotá-la amplamente, a fagoterapia tem um papel fundamental e crescente na medicina moderna, proporcionando novas esperanças para o tratamento de infecções bacterianas resistentes.
Cuidados Preventivos: Enquanto as pesquisas caminham, o que podemos fazer hoje?
Enquanto as fases de pesquisa avançam e resultados ainda estão em fase de testagem, apostar em prevenção se mostra crucial para evitar infecções hospitalares. Assim sendo, o reprocessamento eficiente de dispositivos médicos é uma prática fundamental para garantir a proteção dos pacientes.
Ao terceirizar esses serviços, os hospitais e clínicas beneficiam-se de uma gestão de risco aprimorada, reduzindo a incidência de infecções hospitalares e elevando os padrões de segurança do paciente.
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