Interoperabilidade: O que é e por que a tendência promete revolucionar a área da saúde

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Neste artigo, vamos explorar em detalhes o que é a interoperabilidade, seus impactos e benefícios, e como essa tendência está revolucionando o setor através da integração e inteligência de dados. Junte-se a nós nesta jornada para descobrir como a interoperabilidade pode ser a chave para um futuro mais conectado e eficiente na saúde!

O que é a Interoperabilidade?

No mundo em rápida evolução dos cuidados de saúde, a interoperabilidade emerge como um alicerce essencial para a inovação e a eficiência. Na área da saúde, a interoperabilidade refere-se à capacidade de diferentes sistemas e tecnologias se comunicarem, trocarem e interpretarem dados de maneira eficiente e segura. Imagine ser capaz de acessar imediatamente o histórico médico completo de um paciente, independentemente de onde os dados foram gerados — isso é interoperabilidade em ação.

Este conceito garante que elementos variados, como prontuários eletrônicos, sistemas de prescrição digital e dispositivos de monitoramento remoto, possam compartilhar informações e operar em conjunto de maneira coesa. Por exemplo, um médico em um hospital pode acessar dados de um dispositivo de monitoramento que um paciente usa em casa, permitindo decisões de tratamento mais informadas e oportunas.

No contexto das instituições de saúde, a interoperabilidade facilita a unificação das informações do paciente de várias fontes em um único sistema, tornando mais fácil para os profissionais de saúde acessarem e interpretarem essas informações. Isso não apenas melhora a continuidade do cuidado, mas também reduz erros, melhora a experiência do paciente e, em última análise, salva vidas.

Embora os benefícios sejam claros, a interoperabilidade enfrenta desafios como padronização de dados e segurança da informação. No entanto, com o avanço da tecnologia e o crescente reconhecimento de sua importância, soluções inovadoras estão sendo desenvolvidas para superar essas barreiras e realizar todo o potencial da interoperabilidade na área da saúde.

Quais os impactos de seus benefícios na saúde brasileira? 

No Brasil, a interoperabilidade na saúde pública é impulsionada pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus), que fornece sistemas e suporte fundamentais para a comunicação entre diferentes plataformas. Sob a regulamentação da portaria 2.073/2011 do Ministério da Saúde, o país estabeleceu diretrizes claras para a adoção de sistemas de informação interoperáveis em todos os níveis de governo.

Ferramentas e Protocolos

A regulamentação do SUS é guiada por padrões estabelecidos no Catálogo de Padrões de Interoperabilidade de Informações de Sistemas de Saúde (CPIISS). Destaques:

– OpenEHR: Criação do Registro Eletrônico em Saúde (RES).

– HL7: Integração de resultados e solicitações de exames.

– SNOMED-CT: Codificação de termos clínicos para interoperabilidade semântica.

– TISS: Conexão de sistemas de saúde suplementar.

– IHE-PIX: Correlação de identificadores de pacientes entre sistemas diversos.

Esses protocolos padronizam o compartilhamento de relatórios e exames, permitindo que plataformas distintas reconheçam e compartilhem informações eficientemente, melhorando o atendimento ao paciente.

Benefícios Tangíveis

A interoperabilidade traz inúmeros benefícios, tanto para profissionais de saúde quanto para pacientes:

  • Compartilhamento de Informações: Permite acesso em tempo real aos dados clínicos do paciente, promovendo um atendimento mais completo e célere.
  • Redução de Custos: Otimiza diagnósticos e evita a repetição de procedimentos, gerando economia significativa.
  • Comunicação Eficiente: Minimiza falhas, tornando os processos mais fluidos.
  • Acesso ao Histórico do Paciente: Facilita um atendimento personalizado e eficaz.

Case de sucesso

Em julho de 2023, o Ministério da Saúde, em parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), lançou o Aplicativo de Gestão para Hospitais Universitários (AGHU) para integrar mais de 3 mil hospitais de média e alta complexidade do SUS. 

A expectativa é economizar entre 2 a 3 bilhões de reais nos próximos cinco anos, integrando todos os hospitais à Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) através do ConecteSUS. Esse movimento visa disponibilizar informações de saúde aos cidadãos, como já ocorre com os dados de vacinação.

Os desafios da tendência no Brasil 

A interoperabilidade é uma promessa de transformação para o sistema de saúde, mas sua implementação no Brasil enfrenta desafios significativos. Atualmente, iniciativas como o Conecta gov.br, Catálogo de APIs Governamentais e Registros de Referência representam soluções brasileiras que já permitem a comunicação automatizada entre diferentes sistemas, facilitando a interação do usuário sem a necessidade de conhecer os detalhes técnicos.

Desafios Tecnológicos

Apesar desses avanços, a interoperabilidade na saúde pública ainda enfrenta barreiras tecnológicas. Um dos principais obstáculos é a estruturação e padronização dos dados, pois muitos hospitais e Unidades Básicas de Saúde (UBS) ainda dependem de processos manuais e registros em papel. Isso dificulta a catalogação precisa de pacientes e a troca eficiente de informações.

Desafios Administrativos e Culturais

Além das barreiras tecnológicas, há desafios administrativos e culturais. A resistência à mudança e a falta de capacitação técnica podem atrasar a implementação de sistemas interoperáveis. É crucial desenvolver práticas que acompanhem o progresso da medicina e atendam às crescentes necessidades de dados e serviços.

Propostas de Soluções

Para superar esses desafios, é necessário:

– Capacitação de Equipes: Investir em treinamento para que profissionais de saúde e técnicos possam utilizar plenamente os novos sistemas.Imagine um sistema de saúde onde informações cruciais do paciente estejam disponíveis instantaneamente para qualquer profissional de saúde, em qualquer lugar. Essa é a promessa da interoperabilidade, um conceito que está redefinindo a eficiência e a eficácia nos serviços de saúde. Ao permitir a troca de informações de forma segura e eficiente entre diferentes sistemas e plataformas, a interoperabilidade está elevando a qualidade do atendimento ao paciente e melhorando os processos administrativos em organizações de saúde.

– Atualização de Sistemas: Modernizar as infraestruturas de TI nos hospitais e UBSs.

– Padronização de Vocabulários: Adotar terminologias padronizadas, como SNOMED-CT, para uniformizar a comunicação entre diferentes sistemas.

Embora os desafios sejam muitos, iniciativas já estão em andamento para superar as barreiras atuais. Com um esforço coordenado, a interoperabilidade pode cumprir sua promessa de revolucionar a saúde no Brasil.

As barreiras da interoperabilidade no futuro da saúde:

A interoperabilidade é essencial para garantir a troca eficaz de informações entre sistemas e organizações no setor de saúde digital. À medida que avançamos, torna-se cada vez mais crucial priorizar a informatização da rede de atendimento e a padronização de dados.

“Ao longo dos últimos anos, o Brasil vem avançando significativamente na implementação de estratégias e padrões para melhorar a interoperabilidade, mas enfrenta desafios devido à fragmentação de sistemas e falta de padronização, além das desigualdades em termos de conectividade e digitalização nas diversas regiões do país”, observa Wislas Sousa, coordenador de Relações Governamentais do Saúde Digital Brasil (SDB).

 

Principais Barreiras

  • Complexidade e Crescimento dos Dados: O volume crescente de dados de saúde gera desafios significativos de padronização. A falta de normas comuns dificulta a integração e o compartilhamento eficaz de informações entre diferentes sistemas.
  • Dados Descentralizados: Muitos sistemas legados e partes interessadas mantêm dados em silos, dificultando a criação de um sistema unificado e eficiente de troca de informações.
  • Compartilhamento Ineficiente:  Processos ineficazes de compartilhamento de dados limitam a capacidade dos profissionais de saúde de acessarem informações críticas em tempo real, impactando a qualidade do atendimento.
  • Multiplicação das Fontes de Dados: Dispositivos como Fitbit e outros wearables estão gerando novas fontes de dados que frequentemente não são integradas aos sistemas de saúde existentes, complicando ainda mais a centralização das informações.

 

Caminhos para Superação

Para superar essas barreiras, será necessário:

  • Avançar na padronização de dados: Desenvolvimento de normas e protocolos comuns para facilitar a integração.
  • Modernizar a infraestrutura:Investir em tecnologias que suportem a interoperabilidade em larga escala.
  • Promover a colaboração entre stakeholders: Incentivar a cooperação entre governos, empresas de tecnologia e instituições de saúde para criar soluções inovadoras.

Com essas abordagens, o Brasil pode continuar a progredir rumo a um sistema de saúde mais integrado e eficiente.

 

Integração e comunicação de dados em sistemas de saúde

A interoperabilidade revolucionou a forma como os dados são integrados e comunicados nos sistemas de saúde, trazendo uma série de benefícios que otimizam a conectividade e aceleram o acesso aos serviços de saúde. De acordo com estudos da Deloitte, essas vantagens incluem:

  • Compartilhamento de Informações: Facilita a troca de dados críticos entre diferentes sistemas, melhorando a continuidade do cuidado.
  • Visualizações Contextualmente Relevantes: Permitem que profissionais de saúde acessem informações no contexto certo, ajudando na tomada de decisões mais informadas.
  • Acesso e Navegação do Paciente: Melhora a experiência do paciente ao permitir que acessem facilmente suas informações de saúde.
  • Prestação de Cuidados Colaborativos: Fomenta a colaboração entre diferentes profissionais de saúde, resultando em cuidados mais coordenados.
  • Suporte à Decisão: Fornece dados e insights que auxiliam os profissionais na escolha dos melhores tratamentos.
  • Pesquisa Translacional: Facilita a aplicação de descobertas de pesquisa na prática clínica, acelerando o avanço das ciências médicas.

Resultando, consequentemente, num nível maior de capacidade em inteligência de dados:

– Integração Organizacional: Permite uma visão holística dos dados em toda a organização, melhorando a eficiência operacional.

– Análises em Farmácias e Centros Médicos: Contribui para a otimização dos processos e serviços oferecidos.

– Acesso Transparente a Dados Próprios: Empodera os pacientes ao fornecer controle sobre seus próprios dados de saúde.

– Apoio a Modelos de Cuidados Compartilhados: Facilita abordagens colaborativas para o tratamento de doenças complexas.

– Suporte na Tomada de Decisão: Oferece análises detalhadas que suportam decisões no ponto de atendimento.

– Incentivo à Pesquisa e Coleta de Dados: Promove a pesquisa contínua e a coleta de dados significativos que podem informar políticas e práticas futuras.

Fonte: Deloitte Touche Tohmatsu

 

O futuro da saúde é promissor, prevendo um cenário onde dados fluem livremente entre consumidores, operadoras de planos de saúde e outras partes interessadas. Para alcançar esse futuro, é essencial a cooperação de toda a cadeia de saúde — desde hospitais e clínicas até empresas de tecnologia e a comunidade em geral. Juntos, podemos construir um sistema de saúde mais eficiente e conectado, que atende melhor às necessidades de todos os envolvidos.

Como implementar uma estrutura interoperável

A implementação de um sistema interoperável na saúde é um processo complexo, que exige planejamento estratégico, investimento e comprometimento de todos os envolvidos. Os benefícios dessa integração são enormes, levando a melhorias significativas na eficiência operacional e na qualidade do atendimento ao paciente.

Abaixo, apresentamos alguns passos para o sucesso dessa iniciativa.

  1. Análise de Necessidades e Objetivos: Comece identificando as necessidades específicas da organização e definindo objetivos claros para a interoperabilidade. Por exemplo, melhorar a troca de informações entre departamentos ou reduzir o tempo de acesso a registros médicos.
  2. Escolha de Tecnologias e Padrões: Selecione tecnologias compatíveis com sistemas existentes e adote padrões reconhecidos internacionalmente, como HL7, DICOM e IHE, que facilitam a comunicação entre diferentes plataformas.
  3. Desenvolvimento ou Adaptação dos Sistemas: Desenvolva ou adapte sistemas para garantir a interoperabilidade. Isso pode envolver contratar desenvolvedores especializados ou adquirir software que suporte integração.
  4. Testes e Ajustes: Realize testes rigorosos para assegurar que a interoperabilidade funcione como planejado. Identifique e corrija quaisquer problemas antes do lançamento completo.
  5. Treinamento de Usuários: Treine os usuários para utilizar o sistema de forma eficaz, abordando como acessar, inserir e interpretar dados corretamente.

O custo da baixa interoperabilidade nos sistemas de saúde é significativo, estimado em R$ 30 bilhões. Além disso, o aumento de 74% nos ataques cibernéticos em 2022, em comparação com 2021, destaca a necessidade de práticas robustas de cibersegurança. Durante o 8º FILIS, Olivier Convard, da Roche Information Solutions, enfatizou a importância de uma infraestrutura digital sólida e a excelência operacional para enfrentar esses desafios. 

“O futuro da saúde digital depende da capacidade dos sistemas de se integrar de forma eficaz, protegendo dados sensíveis e aproveitando as inovações tecnológicas para proporcionar um atendimento mais eficiente e personalizado”, afirma Convard.

Por fim, percebemos que a interoperabilidade não deve ser vista apenas como uma questão técnica, mas como uma oportunidade para transformar o setor de saúde. Ela melhora a qualidade do atendimento, aumenta a eficiência e reduz custos, beneficiando todos os envolvidos. 

À medida que avançamos, a interoperabilidade se revela essencial para a sustentabilidade a longo prazo da saúde, prometendo um futuro onde a tecnologia e os cuidados de saúde estão perfeitamente integrados para o benefício de todos.