Como escolher o método de esterilização mais adequado?

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A esterilização é um processo crucial na área da saúde, sendo fundamental para eliminar todos os tipos de vírus, fungos e bactérias. A escolha do método mais adequado pode impactar diretamente na segurança e eficácia do procedimento. 

Neste artigo, vamos explorar os mais utilizados no Brasil, suas características, quais os materiais são indicados para cada método, além dos que não são recomendados e as principais normas relacionadas ao tema. Boa leitura!

Quais são os principais métodos de esterilização no Brasil?

1. Esterilização por Vapor Saturado (Autoclave)

Na esterilização, utiliza-se vapor saturado, que circula por convecção e penetra nos materiais. Para garantir um processo de esterilização eficiente, é essencial que a água utilizada na produção do vapor esteja livre de contaminantes. 

Contaminantes em níveis inadequados podem comprometer o processo de esterilização, danificar o equipamento e afetar a qualidade dos produtos esterilizados. Portanto, o controle rigoroso da qualidade da água é fundamental para assegurar a eficiência e a segurança do processo de esterilização..

De acordo com a ANVISA (RDC Nº 15, de 15 de março de 2012), este é o método preferencial para produtos termorresistentes e apresenta as seguintes vantagens:

  • Alta eficiência
  • Baixo custo operacional
  • Não deixa resíduos tóxicos
  • Processo rápido

Os seguintes materiais podem ser esterilizados com segurança usando autoclave:

  • Instrumentais cirúrgicos de aço inoxidável
  • Vidrarias e materiais de laboratório resistentes ao calor
  • Têxteis (campos cirúrgicos, aventais, compressas)
  • Borrachas e alguns tipos de látex

Importante: Não são compatíveis com este método:

  • Instrumentais sensíveis ao calor
  • Materiais plásticos termossensíveis
  • Equipamentos eletrônicos

Apesar de ser o mais comum, principalmente em consultórios médicos, é necessária a devida atenção aos processos, normas a serem atendidas, além da preocupação constante com a Vigilância Sanitária. 

Muitos profissionais enfrentam desafios para realizar a esterilização de seus dispositivos médicos ou deixam de oferecer determinados serviços por não ter conhecimentos necessários ou algum profissional que seja capacitado em sua equipe para tal. 

O equipamento (autoclave) também exige muitos cuidados. Separamos aqui alguns exemplos: 

  • Falhas na vedação podem acontecer causando vazamentos que comprometem a esterilização.
  • A sobrecarga na câmera pelo excesso de materiais pode impedir a circulação adequada do vapor; embalar inadequadamente, ou seja, pacotes muito apertados ou mal selados podem prejudicar a penetração do vapor.
  • Além da secagem, que se feita de forma incorreta, pode contaminar os materiais e causar oxidação. 

Importante: Sempre consulte as instruções do fabricante antes de submeter qualquer material à esterilização por vapor saturado. Todo e qualquer equipamento de esterilização deve ser calibrado e validado. 

2. Esterilização por Óxido de Etileno

A esterilização por Óxido de Etileno (ETO) ganhou popularidade a partir da década de 1950, quando a indústria médica começou a desenvolver mais dispositivos termossensíveis que não podiam ser esterilizados por autoclave. 

Com a criação de empresas especializadas e certificadas que oferecem esse método sob demanda, o acesso a ele atualmente é drasticamente mais acessível financeiramente, principalmente para consultórios médicos, clínicas e até hospitais que podem terceirizar, com total segurança, toda ou parcialmente a demanda de CMEs. 

Segundo a norma ABNT NBR ISO 11135, este método é indicado para materiais termossensíveis e termorresistentes com as seguintes características: 

  • Adequado para materiais sensíveis ao calor
  • Alta eficácia contra vírus, fungos e bactérias
  • Requer período de aeração

Os seguintes materiais são adequados para esterilização por óxido de etileno:

  • Cateteres e tubos plásticos
  • Produtos com lúmens muito longos ou estreitos
  • Dispositivos médicos com componentes eletrônicos
  • Materiais termossensíveis e termorresistentes 
  • Endoscópios e instrumentos com fibra óptica
  • Materiais de polímeros sensíveis ao calor
  • Instrumentais cirúrgicos de precisão
  • Implantes

Materiais não recomendados para este método:

  • Materiais que possam reter o gás
  • Produtos que contenham pó ou líquidos
  • Materiais que reagem quimicamente com óxido de etileno

É essencial observar que todos os itens esterilizados por óxido de etileno necessitam de um período de aeração adequado para eliminar resíduos do gás antes do uso, tornando isento desses resíduos.

3. Plasma de Peróxido de Hidrogênio

Este método de esterilização ainda apresenta um custo elevado, independentemente do volume a ser esterilizado. No entanto, de acordo com estudos publicados no Portal da ANVISA, a esterilização por Peróxido de Hidrogênio oferece diversos benefícios. Entre eles estão os ciclos rápidos em baixas temperaturas e a vantagem de não gerar resíduos tóxicos, tornando-se uma opção eficaz e segura para diversas aplicações.

Os seguintes materiais são adequados para esterilização por plasma de peróxido de hidrogênio:

  • Instrumentos cirúrgicos de precisão
  • Endoscópios e instrumentais com fibra óptica
  • Dispositivos médicos com componentes eletrônicos
  • Materiais termossensíveis

Materiais não recomendados para este método:

  • Materiais celulósicos (papel, tecido, gaze)
  • Líquidos
  • Materiais com lúmens muito longos ou estreitos

O que considerar na escolha do método de esterilização de dispositivos médicos?

A escolha do método de esterilização deve ser baseada em evidências científicas e normas técnicas. É fundamental consultar as regulamentações vigentes e considerar as particularidades de cada material e ambiente de trabalho. Segundo diretrizes do Ministério da Saúde, deve-se considerar:

  • Características do material a ser esterilizado
  • Compatibilidade com o processo
  • Custo-benefício
  • Tempo necessário para o processo
  • Disponibilidade de equipamentos

Principais normas que todo profissional da saúde precisa estar atento em relação a esterilização 

As diretrizes da Anvisa estabelecem práticas essenciais de biossegurança para prevenir a disseminação de infecções. Essas práticas incluem o uso adequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), garantindo a proteção dos profissionais de saúde. Além disso, destacam a importância da esterilização correta de dispositivos médicos, assegurando que estejam livres de microrganismos nocivos, e a desinfecção eficaz de superfícies, que é crucial para manter um ambiente seguro e higienizado.

A conformidade com as normas da Anvisa é uma exigência legal. Os consultórios que não as seguem podem sofrer sanções, desde multas até o fechamento do estabelecimento. A adesão a essas diretrizes não apenas protege a saúde dos pacientes e profissionais, mas também garante a continuidade e credibilidade do consultório, clínica ou hospital.

As principais normas e regulamentações para esterilização incluem:

  • RDC 15/2012 da ANVISA – Requisitos de boas práticas para processamento de produtos para saúde
  • NBR ISO 17665-1 – Esterilização de produtos para saúde
  • NR 32 – Segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde
  • RE nº 2.605 de 11 de agosto de 2006 – Estabelece a lista de produtos médicos enquadrados como de uso único proibidos de ser reprocessados
  • RE nº 2.606 de 11 de agosto de 2006 – Dispõe sobre as diretrizes para elaboração, validação e implantação de protocolos de reprocessamento de produtos médicos e dá outras providências

Existem muitas outras que são fundamentais e recomendamos a todos os profissionais da saúde que fiquem atentos às atualizações e vigências. Para consultar, acesse: 

O não cumprimento dessas normas pode resultar em multas e penalidades administrativas, interdição do estabelecimento, processos de responsabilização civil e criminal em caso de danos aos pacientes, além da perda de credenciamentos e certificações.